domingo, 29 de janeiro de 2012

Missão em Blancarena

A convite do pr. Pablo Flor, departamental JA da União Uruguaia, fomos ao acampamento adventista de Blancarena passar o sábado com os jovens adventistas uruguaios. A programação de sábado ficou sob nossa responsabilidade, e a missão foi cumprida com muito empenho e alegria.

Já chegamos cantando, acordando o pessoal e convidando para o culto.

Uma equipe dirigiu a Escola Sabatina, e o sermão ficou a cargo do Daniel Filho. Ele pregou sobre o tema "Deixe a sua marca", e desafiou os jovens uruguaios a assumirem o compromisso de pregar. O próprio fato de estar pregando diante de centenas de pessoas já é um testemunho do Daniel, que enfrenta a timidez a cada sermão que faz nessa Missão. Pelo poder de Deus, ele tem conseguido.

Saímos após o sermão caminhando pela praia e entregando centenas de livros "A Grande Esperança".

À tarde, fizemos um culto jovem desafiando novamente nossos irmãos uruguaios a firmarem posição ao lado de Jesus. O ponto alto foi uma encenação que mostrava a mornidão e a falta de compromisso de alguns adventistas. O impacto da encenação foi muito grande, e a impressão causada vai durar muito tempo.

Novamente fomos caminhando pela praia até às dunas, onde fizemos um culto ao ar livre, brasileiros e uruguaios unidos sob a bandeira do Cordeiro, como será no céu.

Após vermos o sol se por na praia, nos reunimos para orar e agradecer ao Senhor pelo lindo sábado que tivemos.

Missão cumprida!

Missão pesada é para jovens!

Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, para os que crêem , seja exemplo na conversa, na conduta, no amor, na fé e pureza.” 1 Tm 4.12

Um grupo de jovens e adolescentes missionários nem sempre preenche as expectativas estereotipadas. Aquela imagem romântica de jovens vestidos como velhos, mimetizando os evangelistas experientes, pregando como se fossem adultos, não reflete a realidade. Eles são jovens que pregam como jovens, e isso nem sempre agrada a todos. Mas funciona!

Eles erram, extrapolam, cometem excessos e precisam de contínua orientação. Mas que errem cumprindo a missão. Que cometam equívocos no campo missionário. Que pequem por excesso de vontade de pregar.

Precisamos prepará-los e dar-lhes responsabilidades sérias:
"A Igreja talvez indague a jovens se podem ser confiadas as sérias responsabilidades envolvidas no estabelecimento e direção de uma missão estrangeira. Respondo: Deus designou que eles fossem preparados em nossos colégios e mediante a associação no trabalho com homens experientes, de maneira que se achem preparados a ocupar lugares de utilidade nesta causa. Cumpre-nos mostrar confiança em nossos jovens." (Cons. professores, pais e estudantes, 516)

Eles precisam ser desafiados a trabalhos de verdade, não a meras "brincadeiras evangelísticas" para apaziguar a consciência. Essa Missão no Uruguai tem sido pesada, estafante. Eles estão fisica e mentalmente esgotados, mas no campo missionário não há tempo para o discurso politicamente correto (mas biblicamente errado): "são apenas crianças, não podem trabalhar...".

Na Escola de Missões exigimos sempre mais dos jovens missionários, pois eles podem dar mais! Evangelismo jovem não é entretenimento, é algo pesado, cansativo, que requer energia e disposição. E tem que ser assim.

"Eles deviam ser pioneiros em todo empreendimento que exigisse fadiga e sacrifício, ao passo que os sobrecarregados servos de Cristo deviam ser prezados como conselheiros, para animar e abençoar os que têm de desferir os mais pesados golpes em favor de Deus."(Cons. professores, pais e estudantes, 517)


O discurso politicamente correto que deu origem a uma geração de adolescentes inúteis à sociedade, superprotegidos e isentos de responsabilidades não deve encontrar espaço na Igreja Adventista. O perigo de termos baixas expectativas com relação aos nosso adolescentes é: eles suprem essas expectativas! E ainda os elogiamos por isso! Isso explica o fato de cada geração ser mais "molenga" que a anterior. Aqueles que hoje deveriam estar "desferindo os mais pesados golpes em favor de Deus" são cristãos raquíticos, anões espirituais.
Eu não tenho um levantamento estatístico oficial, mas creio que o Brasil não tem fornecido ao mundo tudo o que pode em termos de jovens missionários. Essa é uma urgente necessidade, e a solução passa pelo envolvimento dos adolescentes no evangelismo.

"Há necessidade de jovens. Deus os chama aos campos missionários. Achando-se relativamente livres de cuidados e responsabilidades, estão em condições mais favoráveis para se empenhar na obra do que os que têm de prover o sustento e educação de uma grande família. Demais, os jovens podem mais facilmente adaptar a sociedades e climas novos, sendo mais aptos a suportar incômodos e fadigas. Com tato e perseverança, podem-se pôr em contato com o povo."(Cons. professores, pais e estudantes, 517)

Que nossas igrejas criem um clima de incentivo aos jovens e não de sufocamento e proibição. Que a patrulha, a censura constante dê lugar ao treinamento e à motivação. E, principalmente, que haja investimento na formação de missionários. Que ser missionário volte a ser o sonho das crianças adventistas!

"A Igreja deve sentir sua grande responsabilidade quanto a encerrar a luz da verdade, e restringir a graça de Deus dentro de seu estreito âmbito, quando dinheiro e influência deveriam ser liberalmente empregados em trazer pessoas competentes ao campo missionário.

Centenas de jovens se deviam ter preparado para desempenhar um papel na obra de espalhar a semente da verdade junto a todas as águas." (Cons. professores, pais e estudantes, 515)

Essa geração pode (e quer) fazer mais.

Não permita que ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem!
E então: você "vai" ou vai continuar apenas lendo sobre "ir"?

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Diante da rejeição...

Nesta missão, muitas experiências extraordinárias estão acontecendo. No entanto, quero falar hoje de um sentimento que muitos missionários aqui estão relatando: a tristeza diante de uma rejeição.

Nosso método é quebrar o preconceito através de atividades sociais. Assim conhecemos as pessoas e somos bem recebidos por elas. Mas quando tocamos no assunto da Bíblia, alguns se tornam arredios, e até um pouco agressivos.

Existem relatos de portas sendo fechadas "na cara", grosserias sendo ditas, e outras formas de desprezo. Graças a Deus, esses relatos são a minoria (já conseguimos 105 estudo bíblicos!). Mas quando isso ocorre, o que sentimos é uma mistura de revolta com misericódia.

Esse país detém os maiores índices de suicídio da América Latina. É nítida a insatisfação, a solidão e a infelicidade de boa parte das pessoas que abordamos. O que estamos oferecendo aqui é esperança, alegria, vida. Por que alguns rejeitam? Que tipo de contato tiveram com o cristianismo que produziu tal aversão?

Quanto mais tempo passamos aqui, mais nos apegamos a esse lugar e amamos as pessoas. E por isso, a cada dia, a rejeição dói mais. No entanto, isso nos dá um vislumbre do que Jesus sentiu diante de Jerusalém, e sente diante de cada ser humano que o despreza.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

E o milagre aconteceu

Milagre no Uruguai: em poucas horas batendo de casa em casa, conseguimos 75 estudos bíblicos. A Deus seja a glória! Não podemos agendar mais, pois não temos condição de atender.
Já concluí duas coisas aqui:
1) O evangelismo no Uruguai precisa de material e método específicos. Existem muitos ateus, com argumentos na ponta da língua. Os estudos bíblicos usados aqui não respondem às inquietações desse tipo de pessoa. Para "coçar no lugar certo", é urgente a produção de material voltado às mentes secularizadas, que inclua argumentos lógicos, científicos, históricos, etc.
2) Desde que decidimos trazer os alunos da Escola de Missões para o Uruguai, nos deparamos com problemas. Os relatos indicavam que o Uruguai é lugar para evangelistas profissionais, não para adolescentes. Muitos missionários e obreiros experientes vieram para cá e conseguiram pouco ou nenhum resultado. Isso tinha tudo para dar errado.
Mas os alunos do IAESC se dedicaram o ano de 2011 nas atividades evangelísticas, nas aulas e treinamentos. Eu creio no potencial de evangelização dos adolescentes. Creio em Joel 2:28-32.
O que conseguimos fazer aqui é apenas uma pequena demonstração do que o Senhor pode fazer através dos jovens e adolescentes. Evangelismo com adolescentes é outra coisa, requer outros métodos. Por vezes não tem "cara de igreja", parece uma festa, mas é evangelismo e dos bons.

Crianças acessíveis num país secularizado

Diante das dificuldades e da aversão dos adultos uruguaios à religião, a abertura das crianças uruguaias à pregação do evangelho é como um oásis. Todos os dias somos revigorados por sorrisos infantis e brincadeiras. As crianças estão acessíveis.
Com nossas atividades sociais conquistamos a confiança dos pais da comunidade, e as crianças estão vindo à igreja sozinhas.
Creio que essa pode ser a grande esperança da igreja uruguaia. Desenvolver projetos a longo prazo com Clube de Desbravadores e Aventureiros seria perfeito.
Imagino, por exemplo, um grupo de Calebes especializado em fundar esses clubes. Ou, quem sabe, a vinda de um Clube brasileiro para Las Piedras, num projeto missionário. Em 20 dias deixariam um Clube de Desbravadores funcionando aqui tranquilamente.
Tantas excursões são feitas, tantas viagens sem propósito missionário acontecem. Aí está uma idéia que faria qualquer líder de desbravadores vibrar. O Uruguai precisa disso. O Brasil pode (e deve) olhar para fora, "até os confins da terra...".




Visita ao asilo no dia de folga

Na única manhã que tiveram de folga até hoje, alguns missionários do grupo resolveram visitar um asilo numa vila perto do IAU. Ali eles cantaram e levaram uma mensagem de alegria e esperança para os idosos.
Essa equipe está muito concentrada no objetivo principal. A vontade de evangelizar é tão intensa que até folga vira missão.



domingo, 22 de janeiro de 2012

Cantando na praça

Um dos momentos mais lindo da missão até agora aconteceu no sábado à tarde. Decidimos ir à praça central de Las Piedras, de maneira informal, para cantar. Antes, ensaiamos algumas músicas na igreja, e então seguimos a pé para a praça.


Começamos a cantar (os alunos do IAESC cantam muito bem), a bater palmas e fazer coreografias, com muita alegria. Logo fomos cercados por curiosos que acompanhavam apenas com os olhos, a princípio. Depois acompanharam as palmas, alguns já começaram a filmar, tirar fotos, e outros até tentavam cantar conosco.


Um caso curioso foi o da Madeleine (foto abaixo), uma jovem uruguaia evangélica, que se juntou a nós e começou a cantar também (em "portunhol"). Ela ficou até o fim junto do "coral" e no final ainda nos convidou a cantar no culto de jovens da sua igreja. Essa experiência mostra como é possível impactar uma sociedade secularizada com um projeto de custo zero: adolescentes simpáticos cantando na praça e um violão.


Como resultado, algumas pessoas que estavam ali, foram à reunião evangelística da noite.

Culto em Las Piedras

Deixamos o IAU no sábado de manhã e fomos congregar em Las Piedras. Participamos da Escola Sabatina e do culto de adoração com o irmãos uruguaios.
Na igreja praticamente não há jovens e crianças, apenas adultos e idosos. Temos sido abençoados com a amizade e companhia de alguns irmãos dali, como o diácono Estevan e o ancião Luis.
A igreja de Las Piedras já foi muito forte, mas hoje sofre com esvaziamento, divergências entre membros, a apostasia, e luta para sobreviver.
É um processo pelo qual muitas igrejas brasileiras já estão passando. Fica o alerta!


Limpeza da Praça

Continuando nossa missão na cidade de Las Piedras, fomos à praça no centro da cidade, em horário de intenso movimento para fazer um mutirão de limpeza.
Foi uma missão difícil, pois o vento não parava de derrubar folhas de álamo.
Enquanto limpávamos, conversamos com as pessoas, fizemos novos amigos e assim corações secularizados e céticos começam a se abrir. E foram vários contatos preciosos.
No Uruguai vivemos intensamente a máxima: "Pregue o evangelho. Se necessário, use palavras". Aqui, encher 30 sacolas de lixo é tão sagrado quanto apresentar um sermão no púlpito.



Ajudando a reavivar os jovens uruguaios

A juventude quando reta, pode exercer poderosa influência. Pregadores ou leigos de idade avançada não podem ter, sobre a juventude, metade da influência que os jovens consagrados têm sobre seus companheiros.”(Mens. aos Jovens, p. 204)
Um dos nosso principais objetivos na missão é influenciar os jovens do Uruguai. E Deus nos tem dado respostas maravilhosas. Conhecemos aqui muitos jovens e adolescentes cujo coração arde de amor por Jesus e pela obra missionária.
Dentre esses, destacamos: os irmãos Robert e Bryan, os amigos Ezequiel e Marcel. A Paula Ojeda tem sido nossa guia nas missões em Las Piedras, e a Vanessa (aluna do IAU e recém-batizada) tem sido nossa porta-voz nas missões de rua. Ao todo, já temos nove novos missionários.
Fomos convidados pelo pastor Pablo Flor (departamental de jovens da União Uruguaia) para participarmos de um congresso de jovens em Blancarena. O poder de influência de uma missão constituída de adolescente é algo fantástico.
Sabe quem tem que evangelizar jovens? Outros jovens.

Missão Talleres

Estamos fazendo um grande trabalho no IAU. Tiramos toneladas de entulhos (sem exagero algum) das oficinas profissionalizantes, varremos e lavamos as salas. O colégio tem uma bela estrutura, no entanto há muita coisa velha guardada, muito lixo acumulado, que acaba escondendo a beleza do IAU.
A pedido do pr. Flávio Pasini, atual diretor, fizemos uma faxina mega-power no prédio "Talleres". Limpamos até paredes e tetos, e queimamos o entulho. Além disso, vidros e ferragens foram separados para a venda. A missão deixou "marcas" em alguns (Douglas na foto). E ainda há muito trabalho aqui! 

"Missão resgate": serenata para ex-adventistas

Após um dia intenso de trabalho sob um sol escaldante, os missionários ainda encontraram ânimo para sair em busca de ex-adventistas numa serenata. Fomos em 6 endereços cantar para essa preciosas pessoas que "Para Deus, você é especial".
É a segunda missão de resgate dos adventistas afastados que fazemos aqui. Numa dessas visitas, ouvimos de um casal: "Que pena que seja necessário virem estangeiros para nos dar carinho". Vários deles se queixaram de nunca terem sido visitados, nem mesmo após o afastamento da igreja.
Esse é um problema que também temos no Brasil...


 

Crianças: esperança para o adventismo uruguaio

Assim como nos impressiona o ceticismo e a secularização da sociedade uruguaia, também nos chama a atenção o interesse das crianças e juvenis. Até agora, todas as atividades voltadas para eles foram um sucesso.

Tanto nas missões de rua, como nas reuniões evangelísticas, as crianças demonstram interesse, nos abordam e querem saber o que fazer para participar. Essa é claramente uma porta escancarada para a evangelização no Uruguai. Será a longo prazo, mas a mudança de mentalidade com certeza ocorrerá se investirmos nas crianças.
A igreja aqui deve pensar seriamente em alternativas aos planos padronizados, que até conseguem algum resultado a curto prazo, mas não há prosseguimento pois as igrejas estão fracas e carentes.
Infelizmente, a nossa missão é curta, e talvez não vejamos os resultados de nosso trabalho com as crianças. Sinto que estamos semeando para outros colherem. Mas não há problema: a Deus seja a glória.

Começam as reuniões evangelísticas

Após uma intensa distribuição de convites, começamos as conferências. Nossos oradores são o jovem Daniel Filho e o prof. Uilson da Veiga.
Las Piedras é diferente de tudo o que eu já vi em termos de evangelismo no Brasil. Distribuímos mais de 2 mil convites, entregues pessoalmente, conversando com as pessoas. No entanto, nossa média de visitantes tem sido de 20 pessoas. É um bom número para a realidade uruguaia (a igreja local tem média de frequência de 20 a 25 pessoas por sábado).
O ceticismo e a desconfiança são os grandes inimigos: boa parte dos uruguaios tem aversão a igrejas, templos. Outro problema é que aqui o sol continua brilhando até às 9:30h da "noite". Assim, começamos e terminamos as reuniões ainda de dia.
No entanto, a notícia boa é o interesse e o envolvimento das crianças. Estão indo em bom número (chegamos a ter 16 crianças) e algumas vão sozinhas, sem os pais. Creio que esse é o caminho para o reavivamento da igreja no Uruguai: fundar clubes de Desbravadores e Aventureiros, fazer escola cristã de férias e outras frentes voltadas ao evangelismo infanto-juvenil. Será um processo a longo prazo, que renovará a igreja uruguaia.